Retratos no Boletim da UFMG que circula a partir de hoje

     
  

Eles têm a arte

Nova edição do programa Retratos de artista traz a Belo Horizonte quatro grandes nomes da música brasileira

Zirlene Lemos*

Jorge Mautner abre a série: arte para transformar a sociedade

O que Jorge Mautner, Paulo César Pinheiro, Hermeto Pascoal e Roberto Tibiriçá têm em comum? Esse quarteto, com certeza, “tem a arte, tem a arte”, como expressa o verso de Maracatu atômico, sucesso de Mautner e Nelson Jacobina imortalizado na voz de Chico Science & Nação Zumbi. Eles são os convidados da próxima edição do Retratos de artista: molduras do pensamento.

Em sua primeira edição realizada em novembro de 2012, no campus Pampulha, pelo Centro de Extensão da Fafich, o programa trouxe Lourenço Mutarelli, Carlos Bracher, Wilson Oliveira e Rômulo Fróes. A ideia de realizar conversas reflexivas fora da sala de aula, focadas na relação entre arte e pensamento, permanece, mas há muitas novidades, como explica o professor Renarde Freire Nobre, do Departamento de Sociologia. “Desta vez o Retratos, realizado com recursos do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura de BH, adotou o Café 104, em vez do campus da UFMG, com o objetivo de se abrir mais para receber público sem se restringir aos universitários. Além disso, priorizamos artistas ligados diretamente à música e vamos dar a dimensão do quanto são especiais para a cultura brasileira”, argumenta.

Os debates serão gravados e editados pela TV UFMG e exibidos em programas da emissora. A série de conversas também será transformada em dvds e distribuídos a bibliotecas da rede municipal de Belo Horizonte, centros culturais e outras entidades sem fins lucrativos.
Os convidados estarão acompanhados de mediadores ou provocadores. Abrindo a série, no dia 9, Jorge Mautner, cantor, compositor, escritor e “agitador de mentes criativas” conversa com Vera Casanova, professora da Faculdade de Letras da UFMG. “Sou ideólogo, acho que a arte tem que transformar a sociedade. É uma visão aberta, e a liberdade do indivíduo, de expressão é sagrada”, comenta Mautner.

Ao lado de Jards Macalé, Mautner tem ministrado palestras no Rio de Janeiro sobre a MPB e a ditadura. Ele antecipa o rumo da prosa. “São várias coisas, várias experiências viscerais, comecei cedo, vivia às voltas com o peso da ditadura militar, que, por outro lado, me permitiu o encontro com Gilberto Gil e Caetano Veloso no exílio. Foi um longo processo”, relembra. Para Mautner, apesar dos tempos difíceis, a atuação do movimento estudantil em Minas Gerais foi ­fundamental. “Em Viçosa a UFV foi um importante foco de resistência e havia outros pelo Brasil”, pontua.

O público mineiro também é lembrado pelo artista, que tem grandes expectativas em reencontrá-lo. “Minas se destaca na música, na cultura e nas artes. Sempre acentuo que foi todo o seu ouro e prata que fizeram a industrialização da Europa. O público mineiro é importantíssimo, estou com grandes expectativas”, comenta. A professora Vera Casanova também aguarda ansiosa o encontro com Mautner. “Esse projeto ajuda a quebrar o paradigma do artista que é colocado em pedestal ou visto como super-herói e ídolo. Na trajetória de Mautner pretendo chamar a atenção para determinadas letras, saber sobre seus parceiros e sobre outras manifestações das quais participou.” 

Outros convidados O convidado do dia 16 é Paulo César Pinheiro. Às vésperas de completar 65 anos (em 28 de abril), ele será “provocado” pelo amigo e parceiro mineiro Sérgio Santos, com quem já criou quase 200 canções. Vão relembrar o início da carreira, quando, aos 14 anos, compôs sua primeira música, Viagem, em parceria com João de Aquino. A estreia oficial veio quatro anos depois com o samba Lapinha, parceria com Baden Powell e gravado por Elis Regina. Em quase 50 anos de carreira, Pinheiro contabiliza 12 discos gravados, mais de duas mil músicas compostas, oito livros publicados (nove na gaveta) e duas peças de teatro. “Devo ser o recordista do Brasil como compositor popular em se tratando de gravações. Se contar as regravações, esse número sobe para mais de 5 mil. Só Lapinha tem mais de 80 gravações”, afirma.

No dia 23, Hermeto Pascoal conversa com Kiko Ferreira. O multi-instrumentista toca sanfona, flauta tranversal, bateria, violão e instrumentos inusitados como a barriga de um porco vivo ou panelas e penicos. Já recebeu convites para tocar com John Lennon, Tom Jobim, Elis Regina e Roberto Carlos, foi tema de mestrado, doutorado e pós-doutorado sem nunca ter se sentado em um banco de universidade. Tem 614 gravações, todas livres de direitos autorais,e mais de três mil músicas inéditas. 

Encerrando o ciclo de debates, no dia 30, Roberto Tibiriçá será entrevistado por Heloísa Fischer. O maestro comandou algumas das maiores orquestras brasileiras, como as sinfônicas Brasileira, Heliópolis e de Minas Gerais.
A série é apoiada pelo Centro Acadêmico de Ciências Sociais (Cacs) e pelo Programa de Educação Tutorial – Ciências Sociais (PET–CS). Será realizada às quartas-feiras de abril, às 19h30, no Café 104 (Praça Ruy Barbosa, 104). A entrada é gratuita, por ordem de chegada, com capacidade para 120 pessoas. Mais informações em http://retratosdeartista.blogspot.com.br ou pelo facebook

Acesse o Boletim

Parceria com a TV UFMG vai gerar programas especiais sobre música

Turma da TV reunida com turma do Retratos de Artista

­­O Retratos de Artista: Molduras do Pensamento, que foi realizado pela primeira vez no campus Pampulha da UFMG em 2012, tem como um dos parceiros na edição deste ano o Centro de Comunicação da UFMG (Cedecom), responsável pela TV UFMG. Como resultado da parceria, a TV vai filmar as conversas com os artistas e depois transformá-las em programas especiais a serem exibidos na grade da programação deles. Os programas serão também encaminhados para bibliotecas públicas, centros comunitários e demais interessados, desde que sejam sem fins comerciais.

Para nós um prazer estar ao lado dessa turma guerreira que se empenha para manter no ar há 15 anos uma programação feita com muita criatividade e uma boa dose de esforço coletivo. A equipe da TV UFMG é formada por estagiários e profissionais (servidores e terceirizados). Atualmente são 27 profissionais e 29 estagiários entre bolsistas e voluntários e ainda a equipe técnica.

Programação: A TV UFMG produz vídeos e programas televisivos, com o objetivo de divulgar avanços e pesquisas acadêmicas, dar visibilidade à Universidade, discutir temas relevantes para a sociedade, além de contribuir para a formação de novos profissionais. A programação da TV UFMG é composta por 8 programas, totalizando 20 horas mensais. São eles: Circuito UFMG; Câmera Aberta; Paratodos; Em Vista; Movimento; De Olho nos Bichos; Dois Pontos e Naturazoom.

Conheça um pouco a TV:




Para acompanhar as produções da TV, é só sintonizar o Canal Universitário de Belo Horizonte, veiculando em emissora local a cabo, canal 12 da NET e canal 14 da Oi TV. 

Maestro Roberto Tibiriçá faz ponte entre os clássicos eruditos e os populares

Ouça programa em que ele apresenta obras de Sivuca e Radamés Gnatalli



O Maestro Roberto Tibiriçá, nosso convidado no dia 30 de abril, já regeu todas as grandes orquestras brasileiras e outras no exterior. Tem currículo sólido na música clássica, o que foi reconhecido com importantes prêmios e condecorações. E se diferencia pela paixão, pesquisa e prática junto à música popular brasileira. Esses clássicos populares certamente serão citados em sua conversa com o público de Belo Horizonte. 

Como introdução, apresentamos o programa Arquivo Vivo, que ele apresenta na Rádio Cultura FM, de São Paulo. No programa selecionado, o maestro apresenta trechos de Sivuca e Radamés Gnatalli. Ouçam que preciosidade. Sivuca ao acordeon, acompanhado pela Orquestra Petrobras Pró Música do Rio de Janeiro, regida pelo maestro Tibiriçá é um deleite! O acordeonista executa arranjos seus para temas de Luiz Gonzaga e também toca lindamente "Moto Perpétuo", de Paganini, no qual, como diz o maestro, ele transforma seu acordeon em um violino. Uma beleza!


O maestro Roberto Tibiriçá participa do Retratos de Artista no dia 30 de abril às 19h30 no Café 104 (Praça da Estação, 104, BH).
A conversa com ele será mediada pela jornalista carioca Heloísa Fischer
São 120 lugares que serão ocupados por ordem de chegada. O café abre às 18h.

Sabedoria de Hermeto

“O que eu respeito demais é a minha intuição. Em primeiro lugar a minha intuição. Porque eu não ponho o saber na frente. Eu ponho o sentir na frente das coisas todas que eu faço na vida.”




O bate-papo com ele será no dia 23 de abril, no Café 104, em BH, às 19h30.

Um pouco sobre o espaço que vai receber o Retratos de Artista

                                                                                                              Fotos: Divulgação CentoeQuatro



 O local escolhido para as sessões do Retratos de Artista: Molduras do Pensamento é um café amplo e acolhedor, disposto de forma pouco convencional. Há mesinhas e mesões de diferentes tipos, sofás, cadeiras, poltronas. A decoração é única com luz especial, abajures e cantinhos simpáticos. O antigo dos tons deixado propositalmente nas paredes e janelas faz o clima ficar nostálgico, dá vontade de desacelerar o ritmo.




Já conhecido como espaço de apresentações de música instrumental, sobretudo jazz, e também ponto de passagem para quem vai acompanhar a programação do CentoeQuatro, o Café 104 é mais um desses respiros bons que têm aparecido no hipercentro de BH. O prédio foi inaugurado em 1908 e ali funcionaram várias indústrias têxteis. Em 2009 foi instalado o CentoeQuatro, espaço para artes e eventos.

A escolha pelo Café foi, primeiro, pela localização central em região servida de opções de transporte coletivo, táxis, rotas para chegar a pé e de carro. E foi também pelo climão do lugar que pode ajudar na proposta de uma experiência diferente. Nada de palestra, nada de auditório, e sim pessoas ocupando o espaço, ouvindo alguém que eles admiram, interagindo com outras pessoas e com o artista convidado.

Nos dias dos encontros do Retratos de Artista: Molduras do Pensamento o café funcionará normalmente. Aí vale aquela ordem democrática. Quem chegar primeiro ocupa a poltrona mais fofa e acompanha tudo mais de perto.

O café abre às 18h!

Paulo e Sérgio: parceiros de longa data, dois dos nossos convidados estão lançando trabalho novo

Nesse vídeo, eles falam sobre a amizade, a parceria musical e sobre o novo disco de Sérgio Santos, Rimanceiro, com letras de Paulo César Pinheiro.





Paulo César Pinheiro e Sérgio Santos conversam no dia 16 de abril, às 19h30, no Café 104.

Retratos de Artista: Molduras do Pensamento já tem programação definida

                                                Foto: Lais Merini
Jorge Mautner, em conversa com Vera Casa Nova, abre a série


Reserve as quartas-feiras de abril, a começar pelo dia 9, para encontros com artistas da música participantes do projeto Retratos de Artista: Molduras do Pensamento. Serão quatro sessões de prosa com artistas nacionais, sempre acompanhados de um mediador. 
Todos os convidados são reconhecidos pela qualidade musical, criatividade e pelo gosto por refletir e expressar suas reflexões a respeito do seu fazer. Participam do projeto as seguintes duplas:

- Jorge Mautner e Vera Casa Nova (dia 9)
- Paulo César Pinheiro e Sérgio Santos (dia 16)
- Hermeto Pascoal e Kiko Ferreira (dia 23)
- Roberto Tibiriçá e Heloísa Fischer (dia 30)


Acompanhe por aqui mais informações!